Saúde

Meningite viral e bacteriana: Sintomas, formas de transmissão e como prevenir

Imunizantes disponíveis no mercado são um forma eficiente para prevenção

Tony Winston - MS - DP - A recomendação dos especialistas segue a mesma: a vacina ainda é a melhor forma de proteção contra a doença

Uma inflamação nas meninges, que são as membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, é o que resulta na meningite, que pode ser causada por bactérias, vírus e até por fungos. Mesmo com o avanço em relação à prevenção, que inclui a imunização e os tratamentos, ela ainda afeta milhares de pessoas e pode acabar ser fatal.

Conforme explica Hilton Luís Alves Filho, médico infectologista especialista em controle de infecções hospitalares, chefe da Unidade de Vigilância em Saúde do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel).

Formas de Contágio
Pode ocorrer por agentes infecciosos como bactérias, vírus ou fungos. O infectologista explica que as meningites, tanto virais como bacterianas, são contagiosas. Ou seja, elas podem ser transmitidas de uma pessoa para outra ocorrendo por meio do contato com saliva ou secreções de uma pessoa contaminada. “A meningite pode ser transmitida por meio de gotículas de saliva, ou aerossóis, que são partículas bem menores, produzidas por tosse e espirro ou contato próximo com uma pessoa infectada. Ambientes com aglomeração e falta de higiene das mãos e preparo de alimentos podem aumentar o risco de contágio.”

Importante lembrar que nem toda pessoa que tem contato com os agentes infecciosos desenvolvem a doença, pois isso também vai depender de fatores como a capacidade de defesa de cada organismo.

Esses sintomas podem aparecer tanto em crianças como nos adultos, podendo variar de pessoa para pessoa e de acordo com o estágio da doença. Alves ressalta a importância para a particularidade em cada paciente, não sendo uma manifestação padrão para todos infectados. “Em bebês, os sinais podem ser irritabilidade, choro constante e recusa em se alimentar, associadas à febre alta”, alerta.

Diferença entre meningite viral e bacteriana
A diferença fundamental entre as formas bacteriana e viral está na causa. Sendo uma causada por vírus e outra por bactérias. No caso da meningite viral, o quadro costuma ser menos grave e tende a não deixar sequelas, enquanto a meningite bacteriana pode se apresentar de forma mais grave, conforme salienta o endocrinologista. “A meningite bacteriana tende a ser mais aguda e grave, já a viral é geralmente mais branda. Os sintomas podem ser semelhantes, mas a bacteriana exige tratamento mais agressivo, com antibióticos intravenosos”, explica. Já no caso da viral, também é comum que os sintomas sejam parecidos com o de uma virose, não sendo necessário a presença de outros sinais. Para cada uma o tratamento deve ser conduzido de forma diferente.

Meningite bacteriana e meningite meningocócica
As bactérias mais comuns causadoras de meningite são Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Neisseria mengitidis. A última é a origem da meningite meningocócica, sendo esta a mais conhecida e com a tendência a ser a mais grave.

O diagnóstico é realizado por meio de exames físicos e laboratoriais, com amostras de sangue e do líquor, que se trata de um líquido que se encontra entre as membranas. E o tratamento deverá sempre ser orientado pelo médico, com a prescrição de medicamentos de acordo com o estágio e o quadro da doença no paciente.

Meningite viral
Como o nome já diz, ela é causada por vírus, usualmente do tipo enterovírus, mas também pode ter origens menos frequentes como o vírus do herpes simples, HIV, zika entre outros.

Para este tipo, o diagnóstico é feito por testes clínicos e a tendência é que os sintomas sejam mais leves. Não há um tratamento único e específico e, muitas vezes, a pessoa infectada acaba se curando apenas com repouso e antitérmicos para controlar a febre. O médico alerta que, mesmo apresentando os sintomas de forma leve, é importante buscar ajuda especializada, já que eles podem piorar. “É necessário descartar completamente a possibilidade de ser bacteriana. A meningite pode ser grave e requer atendimento médico imediato, por isso não convém esperar, para não ter risco de agravar o quadro”, orienta.

Imunização
As vacinas são a forma mais segura e eficaz de prevenção de doenças, isso não é diferente no caso da meningite, conforme salienta o endocrinologista. “Felizmente as meningites bacterianas são doenças imunopreveníveis. Vacinas estão disponíveis para prevenir alguns tipos de meningite mais comuns.


Vacinas contra meningite do Programa Nacional de Imunização (PNI) e que são oferecidas gratuitamente pelo SUS
- BCG (previne a meningite tuberculosa): deve ser aplicada ao nascer.
- Meningocócicas conjugadas C: protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo C, disponível aos três e aos cinco meses, com reforço aos 12 meses de idade. Também disponível aos profissionais da área da saúde e população especial com maior risco no Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie).
 - Pneumocócica conjugada 10-valente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite, disponível aos dois e quatro meses, com reforço aos 12 meses de idade.
- Meningocócia ACWY: protege contra a doença meningocócica causada pelos sorogrupos A, C, W e Y, disponível aos 11 e 12 anos, como dose única.
 - Pentavalente: além de prevenir difiteria, tétano e coqueluche, protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenza e sorotipo B, como a meningite. Disponível para vacinação aos dois, quatro e seis meses.


Vacinas disponíveis apenas em centros de imunização privados
-Meningocócicas B: oferecidas duas doses, no terceiro e no quinto mês de vida.
- Pneumocócica conjugada 13-valente: análoga à pneumocócica conjugada 10 valente, mas protege de 13 sorotipos de pneumococos. Deve ser aplicada no segundo, quarto e sexto meses de vida, além de reforço entre décimo segundo e décimo quinto meses.

Para bebês prematuros e com condições especiais de saúde, as recomendações de vacinação podem mudar, necessitando de adaptações especificas.

O aumento de casos e de mortes por meningite bacteriana vem chamando atenção no Brasil. Somente neste ano de 2023, o Rio Grande do Sul já contabilizou o número de diagnósticos maior ao ano anterior. Houve um aumento de 29% de infectados e de 19% de mortes em decorrência da meningite no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período de 2022, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES).

Alves alerta para alguns fatores que contribuem para o crescimento de casos. "As mudanças climáticas, movimentações populacionais, resistência bacteriana a antibióticos, falta de informação sobre prevenção, mas sem dúvida as baixas coberturas vacinais preocupam muito e são responsáveis pelo aumento do número de óbitos no nosso Estado.”

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